Rádio Voz do Maranhão

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Comitê para a Proteção dos Jornalistas pede apuração rigorosa sobre morte de radialista em PE

MATHEUS MAGENTA
DE SALVADOR

A organização CPJ (Comitê para a Proteção dos Jornalistas), que defende a liberdade de imprensa no mundo, cobrou uma investigação "rápida e completa" sobre o assassinato do apresentador de TV e radialista Luciano Leitão Pedrosa, 46, morto no último sábado, em Pernambuco.

Em nota emitida anteontem, o comitê sediado em Nova York disse que a polícia deve considerar o trabalho dele como "possível motivo".

"As autoridades devem garantir que os jornalistas críticos possam trabalhar sem temer por suas vidas", disse Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do comitê.

Um suspeito foi preso pela polícia. Pedrosa, morto em um restaurante na cidade de Vitória de Santo Antão (47 km de Recife), apresentava o programa policial "Ação e Cidadania", na emissora TV Vitória. Também trabalhava na rádio Metropolitana.

Segundo a delegada Maria Betânia de Freitas, responsável pelo caso, o apresentador tinha dito anteriormente que recebeu ameaças, mas nunca as registrou na polícia.

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RECIFE - O apresentador de TV e radialista Luciano Leite Pedrosa, assassinado no último fim de semana em Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata pernambucana, sofria ameaças, mas nunca registrou boletim de ocorrência sobre elas. Esse foi um dos detalhes repassados pela delegada Maria Betânia, que está investigando o homicídio.

- Sobre ameaças, ele conversava sempre comigo, porque cotidianamente estava na delegacia, para apurar assuntos policiais que apresentava no programa. Mas nunca registrou nenhum boletim de ocorrência porque dizia que não temia ninguém e também porque achava que era tudo brincadeira - conta a delegada, referindo-se a ameaças sofridas pelo radialista devido às denúncias apresentadas em seu programa.

O radialista estava num restaurante quando foi morto. De acordo com informações de moradores que preferem não se identificar, dois homens numa moto ficaram parados numa esquina por cerca de dez minutos antes do crime. Um deles teria ido ao estabelecimento, onde se encontravam apenas o apresentador e alguns funcionários.

- Ele deu três disparos, depois a munição falhou e, no outro disparo, conseguiu atingir o rosto de Luciano quando ele se virou - relembra a delegada.

A perícia recolheu digitais que podem ajudar a identificar o autor do disparo. Apesar de existir uma câmera instalada na porta do estabelecimento, o sistema de segurança nunca chegou a funcionar. A delegada disse ainda que ele teria sido seguido por algumas ruas da cidade. Por isso, imagens captadas por outras câmeras podem ajudar a identificar o atirador.

Luciano Pedrosa apresentava um programa policial diário em Vitória de Santo Antão, desde 2006.

- Era um cara destemido, corajoso, gostava das coisas certas. Vai deixar uma lacuna enorme, porque era aquilo que ele gostava de fazer, sabia fazer e não tinha medo - diz o repórter Carlos Oliveira.

Morador de uma casa simples no bairro Maués, Pedrosa conquistou a confiança da população, que se sentia representada por ele.

- Ele se colocava diante daquilo, por reivindicar a nossa própria vida, a vida dos vitorienses - acredita o professor Ivânio Alexandro.

Em casa, era um homem calmo.

- Luciano brincava muito, apesar de ser um cara responsável. Era o que a gente pode dizer um cara bem família - conta o cunhado Osvaldo Félix.

Cerca de 2,5 mil pessoas estiveram no velório do apresentador neste domingo. O enterro está marcado para as 9h desta segunda-feira no cemitério São Sebastião, em Vitória. Luciano Pedrosa era casado e deixa uma filha e dois enteados.


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