Gilberto Lima
As denúncias de cobrança de propina de
R$ 1,5 milhão a empresários do setor da construção civil, com objetivo de
aprovar a lei que autorizava a derrubada de babaçuais, correm o risco de ser
varridas para debaixo do tapete da Assembleia Legislativa.
Estamos prestes a
ver mais um escândalo, envolvendo parlamentares maranhenses, transformado em
pizza. Vão nos servir a ‘pizza com sabor de propina’. Escalaram como pizzaiolo
o deputado Jota Pinto.
Digo isso, totalmente descrente na
competência do poder legislativo em cortar a própria carne. O deputado-corregedor deixou claro, em entrevista, na tarde de ontem, que espera que todo o trabalho
esteja concluído antes do início do recesso. Alguém precisa dizer ao cheff que
a pressa é inimiga da perfeição. Só beneficiará aos supostos envolvidos no
esquema de propinagem. Por que tanta pressa?
Não é a primeira vez, na atual
legislatura, que uma denúncia de tamanha gravidade é tratada com descaso.
Recentemente veio à tona uma denúncia de esquema de negociata de emendas
parlamentares com agiotas. O que aconteceu? Simplesmente nada! Ficou o dito
pelo não dito. Prevaleceu o silêncio dos não tão inocentes. Ou todos seriam
culpados, por isso não apuraram esse caso rumoroso? O deputado Raimundo Cutrim
chegou a sugerir a criação e uma CPI, mas foi voto vencido.
Neste momento, diante do provável corpo
mole da Corregedoria, somente uma Comissão Parlamentar de Inquérito poderia
elucidar tudo em torno da possível cobrança de propina a empreiteiras.
Parece que está em andamento um acordo
de cavalheiros para ninguém ser punido com a cassação de mandato, em se
configurando a quebra de decoro parlamentar. O deputado Rogério Cafeteira já
afirmara que ‘todos ouviram falar do caso’, mas ‘será difícil provar’. Cafeteira
teria sido o primeiro a passar informações sobre os rumores de cobrança da tal
proprina de R$ 1,5 milhão. Agora, certamente pressionado, diz que não tem como
provar. O deputado Pizzaiolo também diz que recebeu a denúncia, mas sem
consistência, sem provas. “É preciso agir com muita cautela. Não existem provas”,
diz Jota Pinto, passando a ideia de inconsistência, por falta de comprovação da
prática do delito. Como ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo, pode prevalecer o espírito de corpo. Além disso, o empresário acusado de pagar a tal
propina, já dissera que não pagou.
Até agora, o principal acusado de ter
intermediado a suposta propina, em nome de outros 30 parlamentares, preferiu o
silêncio. Se perceber que pode ser punido, abrirá o bico para entregar os
possíveis parceiros na divisão da bolada.
Um pedido de CPI, de autoria do deputado
Bira do Pindaré, percorre o plenário em busca de assinaturas. Onze ‘cavaleiros
da moralidade’ já apuseram suas assinaturas no pedido. Faltam, portanto, apenas
mais três assinaturas para que a CPI seja criada. Pode ser a suspensão temporária de
mais uma pizza.
Com esse comportamento, de varrer todas
as denúncias para debaixo do tapete, a Assembleia do Maranhão pode ficar conhecida
como a mais nova “Casa da Pizza”.
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