Cúpula do PMDB reclama de 'exclusão' da
campanha e critica Dilma e Lula
ANDRÉIA SADI
DE BRASÍLIA
FOLHA DE SÃO PAULO
Excluída da campanha presidencial de
Dilma Rousseff, a cúpula do PMDB tem feito críticas à candidata do PT e ao
ex-presidente Lula pelo tratamento dispensado à legenda.
Peemedebistas se queixam nos bastidores
de não ter acesso a decisões do núcleo duro do comitê petista, de
descumprimento de acordos financeiros e falta de apoio nos palanques estaduais.
Como "troco", a cúpula da
sigla já traça a seguinte estratégia para 2015: adotará uma linha de
"confronto" no Congresso, seja Dilma ou Marina Silva a próxima chefe
do Executivo.
Na semana passada, o vice-presidente da
República, Michel Temer, recebeu congressistas no Palácio do Jaburu. Estavam
presentes os presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL) e da Câmara, Henrique
Eduardo Alves (RN), o deputado federal Eduardo Cunha (RJ), o senador José
Sarney (AP) e o ministro Edison Lobão (Minas e Energia).
Segundo relatos à Folha, Temer se
queixou de que a campanha de Dilma se fecha e que o PMDB está relegado. Um dos
mais exaltados no encontro era o ex-presidente Sarney. Ele reclamou do
comportamento do PT no Maranhão, que apoiará Flavio Dino (PCdoB) na disputa
estadual.
Dino é o principal adversário da família
Sarney, que tem Lobão Filho como candidato. O ex-presidente do Senado tem
relatado a interlocutores sua procura sem sucesso por Lula para discutir os
problemas. Segundo o senador, sempre que telefona o ex-presidente está
"gravando" programas de TV.
Sarney deu demonstrações explícitas de
apoio à candidatura do deputado e candidato à reeleição Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
à presidência da Câmara no ano que vem. Ele disse no encontro estar à
disposição de Cunha para a campanha à presidência.
Peemedebistas ouvidos pela Folha
defendem um comando "combativo" no Congresso como forma de chamar a
atenção da cúpula petista em 2015. "O PT só entende na pancadaria",
disse à reportagem um integrante do partido.
O nome de Cunha para assumir a
presidência da Câmara é visto por petistas como um "ataque" ao
Planalto.
Durante o primeiro mandato de Dilma,
Cunha, que é líder do PMDB na Câmara, foi tido como um dos principais
adversários do governo em matérias legislativas e protagonizou as principais
crises entre PMDB e Planalto.
PETROBRAS
O PMDB cobra também nos bastidores o
vazamento de nomes do partido na delação premiada de Paulo Roberto Costa.
Segundo a revista "Veja", o ex-diretor da estatal teria citado os
nomes de Lobão, Renan e Alves em seus depoimentos.
O partido reclama que só nomes da
legenda foram envolvidos e que o ministro Lobão foi "jogado ao mar"
pelo Planalto, que tenta se desvincular do escândalo.
Outro ponto que incomoda os caciques da
legenda é a falta de dinheiro para custear as campanhas estaduais.
Segundo um candidato do PMDB, ficou
acertado que o PT repassaria recursos financeiros para auxiliar nas despesas
das campanhas peemedebistas, mas o acordo não foi cumprido.
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