Rádio Voz do Maranhão

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Empreiteira exibe comprovantes de R$ 8,8 mi de propina pagos à Petrobras

RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO

A empreiteira Galvão Engenharia apresentou na tarde desta segunda-feira (24) no inquérito daOperação Lava Jato, na Justiça Federal do Paraná, comprovantes de que pagou R$ 8,8 milhões em propina para uma empresa de consultoria do engenheiro Shinko Nakandakari.

Segundo a empresa, Shinko era encarregado de recolher o dinheiro como "emissário" da diretoria de Serviços da Petrobras, então comandada por Renato de Souza Duque.


Conforme a Folha revelou nesta segunda, o nome de Shinko, novo personagem no escândalo da Petrobras, foi informado à Polícia Federal pelo chefe da divisão industrial da Galvão, Erton Medeiros Fonseca.

Em depoimento concedido à PF no último dia 17, Fonseca disse que estimava em R$ 5 milhões o total pago a Shinko para que a empreiteira obtivesse contratos na Petrobras.

Com os documentos apresentados agora à tarde, subiu para R$ 12,8 milhões o total que a Galvão Engenharia afirma ter pago para o esquema –outros R$ 4 milhões foram destinados ao doleiro Alberto Youssef e ao ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa. Segundo a empreiteira, os recursos dados a Youssef tinham como destino o PP (Partido Progressista), conforme a informação repassada à empresa pelo doleiro.

Na petição entregue ao juiz Sérgio Moro, responsável pela condução da Lava Jato, os advogados José Luis Oliveira Lima e Camila Torres Cesar afirmaram que os pagamentos para Shinko ocorreram a partir de "uma efetiva ameaça de retaliação das contratações que a Galvão Engenharia tinha com a Petrobras, caso não houvesse o pagamento dos valores estipulados de maneira arbitrária, ameaçadora e ilegal".

Segundo os documentos protocolados hoje pela Galvão, a propina foi paga à empresa LFSN Consultoria Engenharia S/S Ltda., registrada em nome de Shinko Nakandakari e dois parentes, Luis Fernando Nakandakari e Juliana Sendai Nakandakari. De acordo com as notas fiscais apresentadas pela LFSN, a remuneração se devia a "serviços prestados conforme contrato de prestação de serviços".

O primeiro depósito da Galvão, no valor de R$ 750 mil, ocorreu em 8 de novembro de 2010. O último, de R$ 230 mil, foi feito em 25 de junho de 2014. Sobre as operações incidiu cobrança de impostos. Do total de R$ 8,8 milhões acertado entre Galvão e Shinko, o valor líquido depositado em contas da família de Shinko Nakandakari foi de R$ 8,3 milhões.

A Folha não conseguiu localizar o empresário nem seus parentes até este momento.

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