Rádio Voz do Maranhão

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Executivo diz que empreiteiro pediu propina em nome de Edison Lobão

Flávio David Barra foi preso na 16ª fase da Operação Lava Jato, no Rio.
Advogado dele confirma o depoimento; defesa de Lobão não quis comentar.

Erick Gimenes e Thais Kaniak
Do G1 PR

Lobão foi citado em depoimento de executivo da
Andrade Gutierrez
Flávio David Barra, executivo da Andrade Gutierrez preso na 16ª fase da Lava Jato, afirmou em depoimento prestado nesta quinta-feira (30), em Curitiba, que o empreiteiro Ricardo Pessoa lhe pediu propina em nome do ex-ministro de Minas e Energia e senador Edison Lobão (PMDB). O advogado de Barra, Roberto Telhada, confirmou a versão.

De acordo com a defesa, o pedido da "contribuição" foi feito por Pessoa, dono da UTC preso na sétima fase da Lava Jato, em uma reunião referente a obras de Angra 3, em agosto de 2014. Lobão, à época, ainda era ministro.

O advogado ressaltou que seu cliente negou o pagamento da propina e não confirmou qual foi a quantia pedida.

A defesa de Lobão informou que não tem conhecimento sobre o depoimento e, por isso, prefere não se manifestar sobre o depoimento.

Barra é presidente global da AG Energia, controlada pelo grupo Andrade Gutierrez. Ele foi detido no Rio de Janeiro, no mesmo dia em que também foi preso Othon Luiz Pinheiro da Silva, diretor-presidente licenciado da Eletronuclear.

Ambos são investigados por lavagem de dinheiro, organização criminosa e corrupção nas obras da usina nuclear de Angra 3, localizada na praia de Itaorna, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.

No mesmo dia da prisão, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, solicitou o bloqueio de R$ 20 milhões dos dois presos.
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Como a prisão de Barra é temporária, ela vence no sábado (1º). Entretanto, a Justiça pode prorrogá-la por mais cinco dias ou transformá-la em preventiva, que é por tempo indeterminado.

O diretor-presidente da Eletronuclear deve prestar depoimento à PF na tarde desta quinta, de acordo com a corporação.

16ª fase da Lava Jato
A atual fase da operação, batizada de "Radioatividade", foi deflagrada nesta madrugada em Brasília, Rio de Janeiro, Niterói (RJ), São Paulo e Barueri (SP). O foco das investigações, segundo a PF, são contratos firmados por empresas já mencionadas na Operação Lava Jato com a Eletronuclear, cujo controle acionário é da União.

A empresa foi criada em 1997 para operar e construir usinas termonucleares e responde hoje pela geração de cerca de 3% da energia elétrica consumida no país.

Ainda nesta terça-feira, o juiz federal Sérgio Moro, que conduz as investigações da Lava Jato, determinou o bloqueio de R$ 60 milhões. De acordo com a solicitação do juiz, devem ser bloqueados R$ 20 milhões de Othon Luiz Pinheiro da Silva, o mesmo valor do executivo da empreiteira Andrade Gutierrez Flavio David Barra e outros R$ 20 milhões da Aratec Engenharia, Consultoria & Representações Ltda, que pertencente a Othon.

Ainda de acordo com a PF, a formação de cartel, o prévio ajustamento de licitações nas obras de Angra 3 e o pagamento indevido de vantagens financeiras a empregados da estatal são os objetos de apuração da atual fase.

Angra 3 será a terceira usina nuclear do país e está em construção na praia de Itaorna, em Angra dos Reis. Ela terá potência de 1.405 megawatts (MW) e gerará energia suficiente para abastecer Brasília e Belo Horizonte por um ano.

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