Ofício da gerenciadora do BNDES desmente Ricardo
Murad sobre pagamento de hospital fantasma.
Na gestão do ex-secretário Ricardo Murad foi feito um contrato de R$ 70 milhões com a empresa Proenge Engenharia e Projetos Ltda para elaboração de projetos e fiscalização das obras. A Proenge e a Ires aparecem como doadoras da campanha eleitoral de 2014 de parentes de Ricardo Murad.
O pagamento de R$ 4,8 milhões para a empresa Ires
Engenharia Comércio e Representações Ltda na gestão do ex-secretário de Saúde,
Ricardo Murad, não teve autorização do BNDES. Sob o comando de Ricardo Murad a
Secretaria de Saúde contratou e pagou a Ires para a construção de um hospital
com 50 leitos em Rosário, mas no local inexiste a obra, há apenas um terreno
com tapume. Como defesa, Ricardo Murad afirmou que o pagamento foi aprovado
pelo BNDES, mas a reportagem teve acesso a documento que contesta a versão do
ex-secretário.
A Cobrape, gerenciadora do BNDES, enviou ofício no
dia 24 de outubro de 2014 alertando a Secretaria de Estado da Saúde (SES) que o
pagamento não tinha aprovação do BNDES. Apesar da advertência formal, o
ex-secretário Ricardo Murad pagou R$ 4,8 milhões pela obra, embora em auditoria
realizada este ano pela Força Estadual de Transparência e Controle (Fetracon)
tenha sido constatada a execução de apenas R$ 519 mil, causando prejuízo ao
erário no valor de R$ 4,2 milhões.
De acordo com o levantamento feito pela Fetracon, a
obra está parada desde a gestão passada, o canteiro de obras foi abandonado em
setembro de 2014 pela empresa Ires Engenharia Comércio e Representações Ltda.
Mesmo com os vários problemas e sem a aprovação do BNDES, a empresa recebeu o
pagamento de R$ 4,8 milhões.
O pagamento milionário poderia ter sido barrado pela
Secretaria de Saúde. Na gestão do ex-secretário Ricardo Murad foi feito um
contrato de R$ 70 milhões com a empresa Proenge Engenharia e Projetos Ltda para
elaboração de projetos e fiscalização das obras. Diante da não execução dos
serviços, a Proenge deveria ter negado o pagamento, mas o pagamento foi
realizado pela SES.
Além de todos os problemas, a Proenge e a Ires
aparecem como doadoras da campanha eleitoral de 2014 de parentes de Ricardo
Murad. Para a filha dele, a deputada Andrea Murad (PMDB), foram depositados R$
60 mil pela Ires Engenharia Comércio e Representações apenas sete dias depois
do pagamento de R$ 3,12 milhões feito pela Secretaria de Saúde, no dia 17 de
novembro do ano passado. Para o genro de Ricardo Murad, o deputado Sousa Neto
(PTN), foram depositados R$ 40 mil.
Já a Proenge Engenharia e Projetos Ltda, que aprovou
irregularmente os pagamentos para a Ires, mesmo sem a obra ter sido realizada, fez
a doação de R$ 40 mil para a campanha da deputada Andrea Murad, através de
transferência eletrônica no dia 22 de julho.
Entenda o caso
Uma vistoria feita pela Força Estadual de
Transparência e Controle (Fetracon), órgão criado pelo governador Flávio Dino
para auxiliar nas auditorias em obras públicas pela Secretaria de Estado de
Transparência e Controle, constatou desvio de R$ 4,2 milhões na gestão do
ex-secretário estadual de Saúde do Maranhão, Ricardo Murad, cunhado da
ex-governadora Roseana Sarney, em um contrato firmado com a empresa Ires
Engenharia Comércio e Representação, que recebeu R$ 4,8 milhões.
O dinheiro deveria ser usado na construção de um
hospital de 50 leitos no município de Rosário, cuja conclusão foi prevista no
contrato para o dia 19 de maio deste ano. Contudo, no local existe apenas um
terreno vazio, ou seja, o dinheiro foi gasto em uma obra fantasma. Além dos
serviços não executados, a Fetracon constatou indícios de diversos crimes e
atos de improbidade, como licitação dirigida, pagamentos irregulares e
superfaturamento.
O caso foi mostrado em reportagem de O Imparcial no
dia 29 de junho. Em resposta à reportagem, o ex-secretário afirmou que o
pagamento foi aprovado pelo BNDES. Diferente do que afirmou Ricardo Murad, o
documento da gerenciadora do BNDES mostra que o banco não aprovou a operação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário