do Jornal Pequeno

JORNAL
PEQUENO – Qual o balanço dos sete primeiros meses de sua gestão à frente da
Caema?
DAVI
TELLES – Avalio o período como bastante positivo, apesar
de todos sabermos que ainda há muito a ser feito. A Caema e o saneamento no
Maranhão passaram décadas submetidos à combinação trágica da falta de
investimentos com o desinteresse em modernizar a gestão. Costumo dizer que, para resgatar uma
companhia de saneamento, você precisa reunir esses dois fatores: investimentos
públicos robustos e disposição para tornar moderna e eficiente a gestão. Com
relação aos investimentos podemos dizer, sem medo de errar, que viabilizamos
recursos nesse semestre num montante superior ao que foi investido nos últimos
30 anos. O governador Flávio Dino
determinou estrategicamente que abastecimento de água e coleta e tratamento de
esgoto serão prioridades no seu governo.
Nossa carteira de investimentos consolidadas chega a
mais de R$ 700 milhões somente para o primeiro biênio. No que se refere à
gestão, criamos as condições nesse primeiro semestre para dar os grandes passos
modernizadores no segundo semestre de 2015 e começo de 2016. Exemplo disso são
os Termos de Referência que preparamos para lançar importantes licitações
visando contratar empresas que prestem serviços de saneamento na lógica do
século XXI. Posso citar, por exemplo, que vamos passar a fazer leitura e
impressão, simultânea, de contas e instalar mais 130 mil hidrômetros na capital
e mais outras dezenas de milhares nas cidades do interior. Importante dizer, também,
que já convocamos mais de 240 concursados. Há 27 anos a Caema não contratava um
engenheiro. Nós já contratamos quase uma dezena.
Isso tudo faz com que a Caema vá, aos poucos,
retomando a credibilidade perdida ao longo dos anos. Veja-se, por outro lado, o
caso das empresas contratadas. Hoje nossos contratos com as empresas
prestadoras de serviço já seguem uma nova lógica que privilegia o interesse
público, e não os interesses privados das empresas. A forma de execução dos
contratos mudou radicalmente a partir do rigor que estamos utilizando com a
expedição e fiscalização das ordens de serviço.
A
Caema é uma empresa que apresenta um déficit mensal da ordem de R$ 9 milhões. O
que é preciso ser feito para reverter essa situação?
Estamos tratando a questão do déficit financeiro
como prioridade zero. Sem sustentabilidade econômico-financeira é muito difícil
se prover serviços públicos de saneamento como a população merece. Temos um
planejamento orçamentário ousado que prevê a chegada ao ponto de equilíbrio
financeiro antes do fim do ano que vem. A conta é simples: se hoje o governo
precisa transferir diretamente para a Caema a partir do Tesouro cerca de R$ 9
mi a R$ 10 mi por mês, ao chegarmos ao ponto de equilíbrio interno, poderemos
usar essas transferências como investimentos, e não mais como custeio.
Significa dizer que poderemos recuperar sistemas de 3 cidades por mês, numa
média de 3 milhões para cada reabilitação. E, como todos sabem, os sistemas da
Caema estão muito sucateados em razão da ausência de investimentos ao longo dos
anos. O segredo do equilíbrio é instalar hidrômetros, combater fraudes,
atualizar cadastro, investir na cobrança correta dos grandes consumidores,
ampliar mercados e melhorar o gasto continuamente.
A
Caema vai ter uma participação importante no programa ‘Mais IDH’. Quais os
projetos para garantir o abastecimento nos 30 municípios do programa?
A participação da companhia no Plano ‘Mais IDH’ é
com a implantação de sistemas plenos de abastecimento de água nas sedes das 30
cidades abrangidas pelo programa. Um já foi entregue. Inauguramos o sistema
pleno na sede de Primeira Cruz e a população está bastante satisfeita. As
condições de vida nas cidades de baixo IDH são muito penosas. Daí a
determinação clara e absolutamente prioritária do governador Flávio Dino para
levarmos esse enxoval de políticas públicas em curto espaço de tempo para que
se possa proporcionar uma espécie de choque de qualidade de vida para quem
sofre há tanto tempo. Nesse contexto, a ausência de abastecimento digno de água
tratada gera uma série de doenças, como diarreias crônicas. Todas as obras dos
sistemas serão entregues até outubro de 2016, sendo que seis deles serão
inaugurados em março e outros dois em maio.
Na
capital, o que está sendo feito para melhorar o abastecimento de água?
O sofrimento da população de São Luís com o problema
de água é uma tragédia à parte dentro do arsenal de problemas que temos para
resolver. Desde criança eu próprio e minha família convivemos com esse
problema. Mas há áreas na cidade que
sofrem mais ainda, como é o caso da região central da nossa capital. Por isso,
estamos desenvolvendo ações emergenciais para essas regiões, como os seis poços
de grande vazão que estamos entregando. Dois deles já foram entregues, no
Bairro de Fátima e Vila Passos. Os outros quatro entregaremos nos próximos
dias, no Monte Castelo, Outeiro da Cruz, Praça da Misericórdia, no Centro, e
Parque do Bom Menino. Outros 9 poços também serão entregues nas próximas
semanas em áreas críticas, como Gapara, Vila Embratel e Bonfim. As solução definitivas, no entanto, dependem
de um pouco mais de tempo para serem implementadas. Falo, por exemplo, das
obras (serão entregues ainda este ano) dos 8 poços e recuperação do reservatório
do Sistema Paciência, que atende Cohab, Cohatrac e adjacências (e que pode
atender com essas intervenções quase ¼ da população da cidade). Mas estou me
referindo, principalmente, à grande obra do Reforço de Vazão do Sistema
Italuís, que significa um investimento de R$ 100 mi para acabar com o rodízio e
o racionamento histórico de água em São Luís. Trata-se de uma grande elevatória
intermediária na adutora que vai, na prática, fazer com que seja ela divida em
duas, incrementando, assim, mil litros por segundo de água de vazão no Sistema.
Claro que é importante citar também a obra do Remanejamento do trecho do Campo
de Perizes da adutora, que será entregue nos próximos meses e que conferirá
confiabilidade sistêmica ao Italuís, dando fim aos constantes rompimentos que
ocorrem.
A
nova adutora, no trecho do Campo de Perizes, vai ser a solução para o problema
de abastecimento?
Não. Na verdade essa obra iniciada há alguns anos
somente garante que a adutora não mais se rompa. A nova adutora no trecho do
Campo de Perizes incrementa somente cerca de 200 litros por segundo de vazão. O
Italuís precisa produzir mais mil litros por segundo, pelo menos, para que o
rodízio acabe. Claro que o combate ao imenso nível de perdas de água
(desperdício, fraudes, etc.) deve preceder tudo isso como dever de casa. A obra
que resolve o problema de abastecimento de São Luís é o Reforço de Vazão, cujo
projeto está sendo licitado agora por nós, somado, como já disse, às ações de
combate às perdas de água. Já temos um Programa de Combate a Perdas de Água,
elaborado por uma comissão de técnicos, que instituímos mediante portaria nas
primeiras semanas de gestão. Várias ações elencadas no Programa estão sendo
iniciadas, inclusive, o investimento de R$ 20 milhões determinados pelo
governador Flávio Dino para substituir os trechos críticos da rede de
distribuição da capital, que não experimentava ação de remanejamento como essa
desde 2003.
Em
relação ao interior do Estado, o que está previsto no programa ‘Água para
Todos’?
Além do Mais IDH, que vai levar até o ano que vem
sistemas plenos para 30 cidades, o governador já autorizou a reabilitação
imediata dos sistemas de 12 cidades do interior, e já me pediu estimativa de
custo e projeto para outras 18, que estão sendo analisados. Em caráter
emergencial, também estamos entregando diversos poços de enorme vazão em
cidades com problemas sérios de água, como já fizemos em Vitorino Freire, Alto
Alegre do Maranhão, Imperatriz e Montes Altos.
Quais
os investimentos que estão sendo feitos para melhorar o abastecimento de água e
esgotamento sanitário da cidade de Imperatriz?
A Caema tem estado bastante presente na nossa
segunda capital do Maranhão. Investiremos R$ 20 milhões agora em 2015 e 2016
para recuperar o sistema de captação e tratamento da cidade, bem como para
substituir trechos críticos da rede de distribuição. Além disso, já inauguramos
dois grandes poços em bairros bastante populosos e vamos inaugurar mais um nos
próximos dias. Como já temos o projeto para universalização do abastecimento da
cidade em mãos há um mês - cujo custo foi arcado pelo Ministério das Cidades -
vamos procurar acessar os recursos para o respectivo projeto de
universalização, também, junto ao governo federal, uma vez que temos prioridade
em viabilizar tais recursos em razão do projeto já ter sido custeado pelo
governo federal.
Em relação a esgoto, vamos começar este ano uma obra
muito impactante em Imperatriz. Trata-se da implantação do sistema de
esgotamento sanitário do Bairro Bacuri, o maior da cidade e um dos maiores do
Maranhão. A situação no Bacuri é dramática, com esgoto a céu aberto em
praticamente todas as ruas há muitos anos. Por isso, o governador Flávio Dino
determinou que fizéssemos, emergencialmente, a obra. No caso do acesso aos recursos para
universalização do esgoto de Imperatriz, a situação é a mesma relatada no
tocante à água. Projeto financiado pelo MCid praticamente pronto com prioridade
de acesso aos recursos para executá-lo. Nos inscreveremos logo para acessar os
recursos.
Quais
são os investimentos que estão sendo feitos para melhorar a coleta e tratamento
de esgoto em São Luís?
Pouca gente sabe, mas, São Luís hoje experimenta uma
verdadeira revolução em relação a políticas públicas de esgotamento sanitário,
por meio do Programa Mais Saneamento. R$ 306 milhões já estão sendo executados
em quatro grandes sistemas de esgoto na cidade. São recursos do governo federal
com contrapartida garantida pelo Estado e execução da Caema. Essas obras de
esgoto em São Luís permitirão que nossa capital salte de 4% para 70% de esgoto
tratado em cerca de três anos.
Os dados do programa são impressionantes: 270 mil
metros de rede coletora; 45 mil metros de interceptores; 7 mil metros de
coletores-tronco; 40 estações elevatórias; 2 enormes Estações de Tratamento de
Esgoto(Vinhais e Anil), sendo uma delas, a do Vinhais, uma das maiores do
Nordeste; recuperação e ampliação das outras duas ETE’s existentes (Bacanga e
Jaracati), dentre outras intervenções. Essas obras significam um enorme
investimento em saúde pública, uma vez que, como já se comprovou, a cada 1 real
investido em políticas de saneamento, 4 reais são economizados em saúde
pública. Sem falar das extraordinárias consequências ambientais positivas, como
a tão necessária recuperação dos nossos rios e mangues, bem como a retomada das
condições de balneabilidade das nossas praias. Aliás, a propósito dos rios e
das praias, é bom ressaltar que no âmbito do Mais Saneamento, o governador
Flávio Dino nos orientou a fazer dois recortes específicos: um para a
balneabilidade das Praias e outro para a Lagoa da Jansen. Assim, estamos
desenvolvendo políticas de saneamento especiais para retomarmos a
balneabilidade das praias, bem como para acabarmos com todos os pontos de
lançamento de esgoto na Lagoa em pouco tempo.
Na semana que vem assinaremos a ordem de serviço
para a retirada dos esgotos de dois rios fundamentais para a balneabilidade,
Rio Pimenta e Rio Claro. Serão instalados grandes interceptores para extinguir
os pontos de lançamento de esgoto nestes rios que deságuam nas nossas praias.
Com relação ao Rio Calhau, que há anos tem sofrido com a enorme descarga de
esgotos em seu leito – a ponto deste acúmulo sedimentado em anos gerar imagens
muito tristes como esta que vimos semana passada – , estamos prestes a
relicitar a obra para a retirada dos esgotos no seu leito. Quando assumimos a
Caema, havia um contrato vigente para esta obra, no entanto, a empresa
contratada não detinha capacidade de investimentos para tocá-la. Então, nós
rescindimos o contrato com a empresa e estamos aguardando a Caixa Econômica
Federal ultimar a análise de planilhas para que possamos relicitar com
agilidade. Esta é uma absoluta urgência para a Caema. O Rio Calhau será
despoluído. No que concerne à Lagoa, temos uma ótima notícia: em no máximo duas
semanas assinaremos Ordem de Serviço para começarmos a obra que vai retirar 12
dos 27 pontos de lançamento de esgoto existentes no seu entorno. Os outros 15
serão retirados no decorrer de 2016. O sonho de despoluir a Lagoa vai se tornar
realidade. Isto é bastante viável. Nós estamos assumindo este compromisso.
Objetivo e claro em suas colocações, precisamos de MAIS DAVI TELLES no governo.
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