Documentos ligam obra ilegal dos Marinho
a empresas investigadas por outras operações suspeitas.
Segundo reportagem do Diário do Centro do Mundo, a mansão está em nome da empresa Agropecuária Veine, tendo como sócio-administrador Celso de Campos. A Secretaria de Patrimônio da União confirma a ocupação de três terrenos litorâneos da União por esta empresa na área onde está a mansão, o maior deles na certidão abaixo.
Segundo o DCM, tríplex da família mais
rica do Brasil foi erguido em área de preservação pertencente à União
por Helena Sthephanowitz
para a Rede Brasil Atual (RBA)
A mansão de praia construída ilegalmente
em área de preservação ambiental em Paraty, da família Marinho, dona da TV
Globo, tem documentos em nome de uma empresa que, em cuja cadeia societária,
encontram-se offshores investigadas na Operação Lava Jato e na Operação
Ararath, da Polícia Federal.
O imóvel dos Marinhos, portanto, tecnicamente, só
não está no nome dos donos de fato. Situação mais grave que a do processo de
compra do tríplex no Guarujá, que tentaram erroneamente atribuir ao
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em busca da produção de notícias
desgastantes para sua figura política.
Segundo reportagem do Diário do Centro
do Mundo, a mansão está em nome da empresa Agropecuária Veine, tendo como
sócio-administrador Celso de Campos. A Secretaria de Patrimônio da União
confirma a ocupação de três terrenos litorâneos da União por esta empresa na
área onde está a mansão, o maior deles na certidão abaixo.
Nos dados abertos da Receita Federal, a
Agropecuária Veine tem como endereço um apartamento residencial no Rio de
Janeiro, em Copacabana, e tem no quadro de sócios outra empresa: a Vaincre LLC,
domiciliada no exterior, cujo representante legal por procuração é Lucia Cortes
Rosemburge, ex-funcionária do INSS, aposentada em 2008, salvo homônimo.
A Vaincre LLC tem CNPJ registrado, mas
chama atenção o endereço incompleto no cadastro desde 2005, onde nem sequer
informa a cidade, estado e país. Também não tem telefone nem e-mail de contato.
E não tem informações sobre o quadro de sócios. Tudo isso dificulta entregar
notificações judiciais, autuações administrativas ou operações de busca e apreensão,
se necessárias.
Mas descobrimos que o endereço é de Las
Vegas, no estado de Nevada, nos Estados Unidos.
O endereço da Vaincre LLC – 520, S7TH
Street, Suite C, Las Vegas, Nevada (EUA) – é exatamente o mesmo da Murray
Holdings LLC, a empresa offshore dona de um apartamento tríplex no Guarujá, no
edifício em que o ex-presidente Lula quis comprar apartamento e desistiu,
levando a mídia tradicional a produzir a onda de boatos de que ele seria dono.
Os reais proprietários do apartamento, que nada tem a ver com o ex-presidente,
foram alvo da 22ª fase da Operação Lava Jato, chamada de Triplo-X.
Além das duas empresas terem o mesmo
endereço em Las Vegas, têm o mesmo representante legal e o mesmo gestor. A
Vaincre LLC da mansão dos Marinho e Murray Holdinds LLC do Guarujá tem como
representante legal a MF Corporate Service e tem como gestora a Camille
Services SA, uma offshore no Panamá, cujo endereço é uma "P.O.box"
(caixa postal) de número 0832-0886.
A Camille Services SA tem entre seus
dirigentes Francis Perez, Leticia Montoya e Katia Solano, nomes citados no
escândalo de suposta lavagem de US$ 100 milhões do ex-presidente da Nicarágua
Arnoldo Alemán (1997-2002) e da Fundação Voyager, sediada na Costa Rica.
A MF Corporate Service é uma empresa do
Grupo Mossack Fonseca, investigado nos Estados Unidos por suspeita de lavagem
de dinheiro e no Brasil, antes da Lava Jato, na Operação Ararath, cujas
empresas envolvidos estão no quadro abaixo, com o mesmo endereço, mesmo
representante legal e mesmo administrador usado no esquema da mansão.
Agora não há como o Ministério Público
Federal e a Polícia Federal deixarem de investigar o uso de offshores suspeitas
em paraísos fiscais para adquirir esta mansão, no mesmo esquema usado nas
operação Triplo-X e Ararath, com o agravante de estar edificada em terreno da
União e de ter desmatado área bem maior do que a lei permite.
Será curioso assistir como o
apresentador William Bonner noticiará uma operação da Polícia Federal na mansão
dos Marinho.
Há uma justiça poética nesta história. O
Jornal Nacional e a revista Época fizeram reportagens acusatórias e
improcedentes, típicas de assassinato de reputação, alimentando-se de boatos de
que o ex-presidente Lula estaria ocultando patrimônio. Isso ignorando
documentos que já provavam serem completamente falsas tais acusações. Agora,
quem pode estar ocultando patrimônio de fato é alguém no caso da mansão.
Afinal, por que montar uma complexa estrutura societária, com empresas
aparentemente de fachada, passando por empresas em paraísos fiscais – que
ocultam os verdadeiros donos – em vez de colocar em nome de alguma das empresas
do Grupo Globo ou das pessoas físicas titulares do imóvel?
No popular, podemos dizer que atiraram
no ex-presidente Lula e acertaram, sem querer, nos pés da família Marinho.
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