Os petistas apostam no desgaste de Temer à frente da administração e muitos avaliam que, com o vice “emparedado”, Dilma poderá ser reconduzida ao Planalto mais à frente.
Diante da certeza de que será afastada
por até 180 dias, a presidente Dilma Rousseff já teria combinado com a equipe a
demissão coletiva. A ideia da presidente é publicar uma edição extra do Diário
Oficial da União, assim que o Senado aprovar o impeachment, com a dispensa de
todos os ministros. Além disso, os secretários executivos também devem entregar
os cargos. É o que informa o jornal O Estado de São Paulo.
Na prática, tudo está sendo preparado
para que Temer, assumindo como interino, não tenha transição de governo. “E
cada vez que houver tentativa de desconstruir o que construímos, vamos para o
enfrentamento”, afirmou ao Estado o ministro da Educação, Aloizio Mercadante,
que ocupou a Casa Civil por 20 meses e mudou de posto com a reforma
administrativa, no ano passado, após muitos atritos com o PMDB de Temer.
Mercadante disse que, confirmado o
cenário de impedimento da presidente, ficará com ela até o julgamento final do
Senado, previsto para setembro, mesmo sem cargo. Os petistas apostam no
desgaste de Temer à frente da administração e muitos avaliam que, com o vice
“emparedado”, Dilma poderá ser reconduzida ao Planalto mais à frente.
“Estamos há mais de treze anos no
governo, mas se esquecem que temos pós-doutorado em oposição”, comentou
Mercadante, contabilizando o período em que o PT ocupou a Presidência com Luiz
Inácio Lula da Silva. “Imaginem o MST, a CUT e a UNE com liberdade para gritar
e protestar. É o que eles mais gostam de fazer.”
Desagravo
Os ministros também planejam uma
manifestação de solidariedade a Dilma no dia em que ela for deposta pelo
Senado. “Não vamos reconhecer um governo que não teve origem democrática”,
insistiu o titular da Educação.
A estratégia de Lula e do PT, de agora
em diante, consiste em colar em Dilma o carimbo de “mulher injustiçada”, que
foi apeada do poder por um “golpe”. É uma narrativa que pode até servir para a
campanha deste ano, quando haverá disputas pelas Prefeituras, mas está sendo
montada sob medida para se encaixar no figurino de 2018.
Pragmático, Lula se reaproximou dos
movimentos sociais e com eles fará forte oposição a Temer. Agora, só depende do
desfecho da Operação Lava Jato para lançar sua candidatura ao Planalto.
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